segunda-feira, 25 de março de 2013

A fumaça Branca da Renuncia


Eu não me lembro de ter lido, visto ou ouvido que o alemão Joseph Alois Ratzinger renunciou a sua juventude  pela vida reclusa do sacerdócio; também não me lembro da sua renuncia da vida familiar, pela vida dedicada ao próximo; também não lembro da sua renuncia a altos salários, para viver o confortável mundo da tecnologia; também não lembro da sua renuncia de horas de sono, para aprender a falar em todas as línguas e sinceramente, não me recordo da sua renuncia à vaidade e aos longos e confortáveis dias de uma aposentaria, por todos os dedicados anos de doação.
Mas lembro sim, que em abril de 2005 de uma fumaça de cor escura sendo substituída por uma fumaça branca, indicando que o alemão conhecido por Ratzinger, tinha consumado todas as suas abdicações e mais uma vez renunciava, deixando de ser um padre a mais, para ser o pastor de mais de um bilhão e duzentas mil ovelhas.
Estou triste não pela renuncia desse pastor, mas pelo metralhar dos aleivosos em fazer de desentendidos, dos reais motivos da renuncia do Papa Bento XVI. Este Papa, assim como todos os outros, sempre foram apegados a renuncia. A renuncia de um mundo que vive pelo ter e não ser, pelo fazer e não servir, pelo juntar e não partilhar, pela vida terrena e não pela vida eterna. Ser Papa já é uma renuncia. Seja qual for o leilão arrematado de tantos motivos especulados por este ato, nós é que devemos ser humildes e lúcidos para entender e seguir o seu homérico gesto em renunciar ao egocentrismo, ao modismo, ao pseudo poder e ao status da coisificação, em que vive hoje nossa sociedade. Se seu estado de saúde é frágil, nós é que estamos doentes pela cegueira, pela insensibilidade e pela insensatez de colocar em duvida, o direito da opção de ser soberano ou viver em sujeição. Sua renuncia é um protesto silencioso ao barulho dos hipócritas, e mais uma vez este alemão recolhe em ser ainda mais fiel, às bens aventuranças de Jesus Cristo, a humildade de São Francisco de Assis e à claridade de Santa Clara.
Amigo Ratzinger, sua vida ainda continuará sendo de renuncia, com a diferença de que quando Deus te chamar, não haverá mais honras pomposas, homenagens clamorosas e nem seu corpo será exibido, para aqueles que ainda não aprenderam o verdadeiro significado da renuncia. Mas tenha certeza, seu gesto não foi em vão. Hoje sabemos que somos apenas criaturas e como tal, devemos amar a Deus, acima de todas as coisas.
Obrigado Bento XVI por nos ensinar a renunciar.


EngºAgrº O.E.Borborema
                                                                                                 Capela Santa Clara
Goiânia, 05 de março de 2013

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